Quais são os direitos da criança dentro da escola? Entenda proteções e saiba identificar sinais de violência

  • 23/08/2025
(Foto: Reprodução)
Professora é investigada por agredir criança de 4 anos em escola particular no RS O caso de uma professora filmada agredindo um menino de 4 anos com uma pilha de livros, em uma escola infantil de Caxias do Sul, chamou atenção para a responsabilidade da escola e dos profissionais da educação na proteção da infância. (entenda o caso abaixo) Mas o que a lei prevê em situações como essa? Quais são os direitos da criança na escola? 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Para responder, o g1 conversou com a professora Ana Paula Motta Costa, da Faculdade de Direito da UFRGS, especialista em Direito da Criança e do Adolescente. Para ela, a educação é um direito fundamental e só pode acontecer em um ambiente seguro, protegido e adequado. Responsabilidade compartilhada Segundo Ana Paula, ao deixar um filho na escola, os pais partem da confiança de que a criança será cuidada por responsáveis. "No mínimo, o direito da criança é estar protegida e cuidada por algum adulto que é responsável por ela na ausência dos seus pais ou dos seus responsáveis legais", comenta. Para a especialista, a escola não é apenas um lugar de ensino, mas também um espaço de cuidado e proteção, e que essa responsabilidade começa no momento em que os pais confiam seus filhos à instituição. Assim, o dever não recai apenas sobre o professor, mas também sobre a instituição: “Além de fiscalizar e acompanhar, [a escola] deve orientar os seus professores sobre como devem conduzir o trabalho com as crianças”, completa. O que diz o ECA Conforme a professora, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê diferentes formas de responsabilização em casos de violência, desde a esfera criminal até indenizações por danos morais. Em algumas situações, a escola, inclusive, pode ser responsabilizada judicialmente e até ter suas atividades suspensas. “Existem várias possibilidades de responsabilização institucional por maus-tratos, a ponto de chegar ao fechamento de uma instituição que trabalha com criança, o desligamento, o afastamento do seu dirigente”, explica Ana Paula. O dever legal da escola e dos professores A Constituição Federal, no artigo 227, estabelece que é dever do Estado, da família e da sociedade assegurar os direitos das crianças e adolescentes, protegendo-os de qualquer forma de violência. Essa proteção abrange não apenas agressões físicas e psicológicas, por exemplo, mas também situações como o bullying, que podem comprometer o bem-estar e o desenvolvimento dos alunos no ambiente escolar. "As crianças estão para a Constituição como um grupo social que, para atingir um patamar de igualdade de tratamento em relação aos adultos, precisa de um atendimento especial", comenta a professora. Ana Paula explica que a infância é uma fase peculiar e intensa do desenvolvimento humano, o que exige uma proteção especial por parte dos adultos. Durante esse período, a criança ainda não possui autonomia plena, e por isso depende do cuidado e da responsabilidade dos adultos para garantir seu crescimento saudável e seguro. Essa proteção deve ser assegurada até que o processo gradativo de autonomia se estabeleça, momento em que o sujeito passa a assumir mais responsabilidades por si mesmo. O papel dos pais Para a professora, a família não pode se afastar da vida escolar. A participação ativa dos pais na rotina é essencial para garantir a proteção e o bem-estar das crianças. Isso inclui atitudes básicas, como conversar regularmente com os professores, comparecer às reuniões escolares, acompanhar os registros enviados pela escola e observar atentamente o comportamento dos filhos. “A gente conhece os filhos. Então, quando os filhos vão para a escola e voltam de um jeito diferente, e voltam reclamando muito de um respectivo professor ou de um funcionário ou de alguém nesse espaço escolar, os pais devem ficar atentos", orienta Ana Paula. Ao mesmo tempo, é preciso ter cuidado ao validar automaticamente todas as reclamações dos filhos sobre a escola, desconsiderando a autoridade dos professores. Conforme a professora, esse tipo de postura também é prejudicial, pois o docente precisa ter sua autoridade respeitada dentro do ambiente escolar. No entanto, essa autoridade, assim como a dos pais, tem limites: ela deve ser exercida com responsabilidade e sem ultrapassar os direitos da criança. "A autoridade dos pais vai até o momento da escola assumir a responsabilidade sobre os filhos, mas não quer dizer que os pais tenham que se desonerar das suas responsabilidades", diz. A quem recorrer Em casos de suspeita ou confirmação de violência, a escola, segundo Ana Paula, deve ser a primeira instância de diálogo, mas situações graves, como a agressão registrada em Caxias do Sul, exigem ação imediata dos órgãos competentes. Os pais ou qualquer pessoa podem acionar o Conselho Tutelar, a polícia e até o Ministério Público da Infância. O Disque 100 também é uma alternativa para denúncias anônimas. Responsabilidade de todos Para a professora, a proteção da criança é dever coletivo. “No espaço escolar, todos que estão ali são responsáveis. Claro, institucionalmente, a escola é responsável, a professora que agrediu [também] é, mas o profissional que trabalha do lado, em ver a situação, em levar adiante para o seu superior, tudo isso faz parte do conceito de que a sociedade é responsável pelas crianças”, conclui. Conforme Ana Paula, essa vulnerabilidade da criança está relacionada tanto à estrutura física, por serem pequenas, quanto à sua capacidade de compreensão, já que muitas vezes não entendem exatamente o que está acontecendo ao seu redor. Por isso, ela defende que todos, não apenas os pais e educadores, mas qualquer pessoa, devem estar atentos e comprometidos com a proteção da infância. Agressão em Caxias do Sul Professora que agrediu menino de 4 anos é presa preventivamente A professora Leonice Batista dos Santos, de 49 anos, foi presa preventivamente na manhã de sexta-feira (22). A criança agredida perdeu um dente e teve outros cinco comprometidos, precisando usar aparelho. De acordo com a delegada Thalita Giacomiti Andriche, foi instaurado um inquérito para investigar o caso, que é tratado como maus-tratos qualificado pela lesão grave. Ela não descarta que o crime também possa ser enquadrado como tortura. O advogado Henrique Bischoff Hartmann, responsável pela defesa de Leonice em Palmeira das Missões, informou ao g1 que ela "permanecerá em silêncio" e que será solicitado um pedido de habeas corpus. Nas imagens registradas pela câmera de segurança da escola, a professora aparece gritando com o menino e, logo depois, atingindo ele com uma pilha de livros. É possível ouvir o barulho da batida. Em seguida, a docente coloca os materiais sobre uma mesa, pega um papel para limpar a criança e, por fim, a conduz para outro local. (veja acima) Segundo os pais, a educadora foi a primeira a primeira a entrar em contato e afirmou que a criança havia sofrido uma queda no banheiro e batido a boca. No entanto, ao levarem o filho ao consultório de uma dentista, ouviram dela que os ferimentos talvez não fossem resultado de uma queda. A escola teria entrado em contato por telefone em seguida. Os pais pediram imagens de câmeras de segurança para verificar o que realmente havia acontecido. Pouco tempo depois, a escola retornou a ligação dizendo que o assunto era urgente e pedindo que eles eles fossem até a instituição. Lá, os pais viram o vídeo e ficaram sabendo o que aconteceu. A Escola Infantil Xodó Da Vovó, que atende cerca de 90 alunos, demitiu a profissional após verificar as imagens das câmeras de segurança. A direção divulgou, em nota, que "segue à disposição das famílias para quaisquer esclarecimentos e reitera seu compromisso diário com uma educação baseada no cuidado, na ética e no bem-estar das crianças". LEIA TAMBÉM Mais duas famílias registram boletim de ocorrência por agressões de professora 'Trauma para sempre', dizem pais de aluno agredido Como está o menino Conforme informado pelos pais, o menino está em recuperação, mas enfrenta restrições alimentares e emocionais. "Ele não pode fazer força nos dentes. Então, é só papinha, só iogurte, sopinha, arroz e feijão amassado. É triste falar, é ruim. Sinto ele muito com medo. Qualquer barulho para ele, ele está assustado, até conosco. E é um trauma. Fica um trauma. Trauma para sempre", desabafa o pai. Apesar do choque, os pais afirmam que não culpam a escola, mas querem justiça: "Quero que ela vá presa. A situação é difícil. O pior de tudo é ver o filho da gente ter que almoçar de canudo, jantar de canudo. Isso é o que mais dói. Isso não se faz, é um inocente", disseram. Professora é investigada por agredir criança de 4 anos em escola particular no RS Reprodução/ Câmera de segurança O que diz a escola "A Escola Xodó da Vovó lamenta profundamente o episódio ocorrido envolvendo uma professora e um de nossos alunos. A profissional foi imediatamente afastada, as autoridades policiais comunicadas e a família da criança está recebendo todo o apoio necessário. Reforçamos que a apuração dos fatos e a devida responsabilização estão sendo conduzidas pelas autoridades competentes, que contam com o total apoio e colaboração desta instituição. Reafirmamos nosso compromisso inegociável com a segurança, o respeito e a integridade de todos os nossos alunos e não toleraremos situações que contrariem os valores desta Escola Infantil. Seguiremos colaborando integralmente com as autoridades e trabalhando para garantir um ambiente seguro e respeitoso para todos os nossos alunos. A Escola Xodó da Vovó segue à disposição das famílias para quaisquer esclarecimentos e reitera seu compromisso diário com uma educação baseada no cuidado, na ética e no bem-estar das crianças. Estamos juntos com nossa comunidade para fortalecer ainda mais um ambiente de confiança, aprendizado e acolhimento. Departamento Jurídico Escola Xodó da Vovó" VÍDEOS: Tudo sobre o RS

FONTE: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2025/08/23/quais-sao-os-direitos-da-crianca-dentro-da-escola-entenda-protecoes-e-saiba-identificar-sinais-de-violencia.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

No momento todos os nossos apresentadores estão offline, tente novamente mais tarde, obrigado!

Top 10

top1
1. Raridade

Anderson Freire

top2
2. Advogado Fiel

Bruna Karla

top3
3. Casa do pai

Aline Barros

top4
4. Acalma o meu coração

Anderson Freire

top5
5. Ressuscita-me

Aline Barros

top6
6.

top7
7.

top8
8.

top9
9.

top10
10.


Anunciantes